Rachel Soares Mascarenhas (Salvador, BA, 28 de setembro de 1973).

Autoria da foto: Rachel Mascarenhas

1998 – Salvador, BA – Graduação em Arquitetura e Urbanismo pela Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade Federal da Bahia.

2001/2002 – Salvador, BA – Estudou Teoria e História da Arte no Museu de Arte Moderna da Bahia.

2001/2002 – Salvador, BA – Estudou Pintura contemporânea com Iuri Sarmento no Museu de Arte Moderna da Bahia.

2003 – Salvador, BA – Estudou Gravura em Metal com Antonello Labate no Museu de Arte Moderna da Bahia.

2003/2004 – Salvador, BA – Estudou Litografia com Renato Fonseca no Museu de Arte Moderna da Bahia.

De 1999 à presente data.

Artista visual e arquiteta. 

Professora de Yoga.

Rachel Mascarenhas nasceu em 28 de setembro de 1973, em Salvador, Bahia – lugar onde atualmente reside e trabalha explorando diversas linguagens artísticas. Graduou-se em Arquitetura e Urbanismo no ano de 1998 pela Universidade Federal da Bahia, todavia, a partir do embate com uma arquitetura estritamente funcional, Rachel Mascarenhas imergiu no campo artístico visando uma alternativa plausível aos seus anseios de livre criação artística. Desde então utiliza a pintura, a gravura, o vídeo, a performance, a fotografia e intervenções urbanas em trabalhos individuais ou em parcerias.

Em 2001, toma aulas de Teoria e História da Arte e Pintura Contemporânea no Museu de Arte Moderna –– MAM, em Salvador, sob a orientação do artista e arquiteto Almandrade. Tais processos estimularam-na ao desenvolvimento de pinturas e gravuras, permitindo em seguida a inserção do corpo à sua criação – um contato acentuado pela Yoga, a qual lhe permitiu uma relação mais íntima com o seu próprio corpo, visto que ampliou a sua consciência do mesmo.

Nesse mesmo período, impulsionada pelos estudos realizados e pela necessidade de trabalhar o corpo na criação artística, Rachel Mascarenhas inicia uma parceria junto a Ana Paula Pessoa – outra artista baiana que também participava das aulas de Teoria e História da Arte do MAM-BA. Partindo dos estudos realizados e correspondendo a uma necessidade criativa de ambas, as artistas processaram experimentos que faziam alusões à história da arte em forma de citações, referências, apropriações de imagens e releituras.

Um traço latente na poética de Rachel Mascarenhas – presente principalmente nos trabalhos que desenvolve com Ana Paula Pessoa – refere-se à negação da arte estritamente figurativa, atitude esta somada ao desejo de explorar e destrinchar fronteiras linguísticas, empenhada na investigação de frestas que favoreçam a passagem de olhares diferenciados sob o cotidiano. Desse modo, a arte livre, o processo de criação, o tempo, o ser artístico, são elementos fundamentais nas suas criações.

Entre 2003 e 2004 realiza outros cursos de curta duração no MAM – Gravura em Metal e Litogravura – e experimenta em meios híbridos, criações que utilizam o corpo associado ao vídeo, à fotografia, técnicas das artes plásticas relacionadas à apropriação de imagens e outros diálogos com a história da arte. Realiza performances e intervenções urbanas no centro histórico de Salvador, junto a Ana Paula Pessoa. Participa de importantes exposições a exemplo de “Destaque – MAM – BA”, no Museu de Arte Moderna da Bahia, no ano de 2002; “Introduzione All’Ex Libris”, na Fundazione Casa America _Villa Rosazza em Gênova, Itália no ano de 2003; o “I Salão Aberto”, evento paralelo à Bienal Internacional de São Paulo, no ano de 2004.

No ano de 2008, conquista junto a Ana Paula Pessoa o Prêmio Residência Artística Nacional na FAAP/SP, ao participar com a videoarte “Sem título” do XV Salão da Bahia – MAM-BA. A obra aborda principalmente a passagem do tempo como tema da arte e como elemento que direciona a vida; a relação mútua entre o interior e o exterior do indivíduo-artista, sobretudo como este observa seu tempo e seu cotidiano; o ser e o fazer artístico ao longo de períodos da história da arte, mencionados em apropriações de imagens de artistas consagrados como Cézanne, Klimt, Schiele e Malevich. O trabalho enfoca o corpo como elemento ativo e predominante na criação artística, portanto, percebem-se elementos que o determina como agente criador – o percurso na rua, a respiração, a câmera subjetiva, dentre outros.

Em “Sem título” o vídeo é explorado conforme as aberturas que abrange enquanto linguagem artística: o hibridismo de linguagens, a simplicidade do seu manuseio, a acessibilidade das ferramentas que o configuram. A concepção da obra apresenta um olhar íntimo que parte do indivíduo ao seu entorno, capta os movimentos de sua locomoção e ao mesmo tempo concentra o registro de sua consciência – uma reflexão muito clara no texto do cineasta Andrei Tarkovski, citado no áudio:

O tempo não pode desaparecer sem deixar vestígios. Somos suas marcas no momento presente. Como apreender o instante que desliza e se esvai como areia entre os dedos? Como caminhar à margem do tempo sem estar condenado à loucura? Prisioneiro do tempo, o artista busca a eternidade; um abrigo. (SEM TÍTULO, 2008)

O prêmio de residência permite às artistas um processo interestadual de criação artística – a primeira em São Paulo, a segunda na Bahia – imersas em seus respectivos cotidianos, experimentam o vídeo, a fotografia, performatizam e dão origem aos trabalhos da mostra “Trajetos…trajetórias”, frutos desses percursos concomitantes, registrados em um blog durante a residência artística. A seguinte mostra ocorre em 2012 no MAM-BA e realiza como proposta da programação educativa a oficina “Errâncias” que teve o objetivo de desenvolver uma videoarte com a participação do público.

Também em 2008, num momento de intensa produção das artistas baianas em parceria, foram criadas “Transluminuras” e “Nu descendo uma escada”. A primeira é uma videoperformance oriunda de um processo paralelo de criação: o objeto “Transluminuras” de Rachel Mascarenhas, onde ela usa caixas de joias com uma pequena pintura, releitura de Klimt, voltada para um espelho; o outro processo refere-se às fotografias de Ana Paula Pessoa que registram um corpo nu estampado pela projeção de pinturas de Klimt e Schiele – trabalho já realizado com Rachel Mascarenhas. Posteriormente, as artistas reúnem as ideias de ambos os trabalhos e produzem uma videoperformance ao associar o ato fotográfico à performatividade do corpo diante de um espelho. Na obra, o corpo múltiplo, ativo e criativo faz-se presente, sobressaindo ao corpo meramente passivo e representado, estabelecendo um diálogo com as figuras corpóreas que os artistas apropriados exprimiram em suas respectivas obras.

“Nu descendo uma escada” faz, por sua vez, uma citação a Marcel Duchamp, considerando sua representatividade na história da arte e a inauguração que ele faz de conceitos que configuraram a produção artística na contemporaneidade. A referência à obra mencionada é um modo de discutir o corpo, o tempo, a disposição desses elementos na pintura e vídeo simultaneamente. As artistas observam que enquanto a pintura de Duchamp evoca uma essência videográfica ao usufruir duma estética cubo-futurista, dando uma ideia de movimento-deslocamento; já na videoinstalação “Nu descendo uma escada”, as artistas baianas procuram o inverso, uma vez que visam atribuir ao vídeo uma estética pictórica ao editá-lo com o uso de cores e a ausência de áudio.

Rachel Mascarenhas é arquiteta formada pela FAU – UFBA, artista visual e instrutora de Yoga. Coordena em seu ateliê e residência o Espaço Carmo 13, onde ocorrem mostras e exposições de artistas visuais da região. Reside o espaço desde 2004, quando iniciou um diálogo arquitetônico com a antiga casa, construída por volta do séc. XVIII e ampliada no séc. XX. A artista trouxe um pouco das ruas para sua casa com as pedras portuguesas, desvelou pedras ou tijolos escondidos, deslocou telhas, criou labirintos tirando paredes, refletindo no espaço um pouco das inquietudes que habitam seus trabalhos em arte.

2003 – Salvador, BA – Jogo do Silêncio, exposição em parceria de Marcelus Freitas, no Goethe Institut – ICBA.

2012 – Salvador, BA – Trajetos…trajetórias, com a artista Rachel Mascarenhas, no MAM – BA (resultados do processo criativo fruto do Prêmio Residência Artística Nacional na FAAP/SP, conquistado no XV Salão da Bahia, MAM).

2002 – Salvador, BA – Destaque – MAM – BA, no Museu de Arte Moderna da Bahia.

2003 – Gênova, Itália – Introduzione All’Ex Libris, na Fundazione Casa America _Villa Rosazza.

2004 – São Paulo, SP – I Salão Aberto, evento paralelo à Bienal Internacional de São Paulo.

2005 – Brasília, DF – Projeto Atos Visuais, na Galeria Fayga Ostrower.

2005 – Salvador, BA – 456 – Salvador, na Galeria da Cidade.

2005 – Salvador, BA – VI Mercado Cultural, na Galeria ACBEU.

2006 – Salvador, BA – Influências Construtivista na Arte Baiana, na Fundação Gregório de Mattos.

2006 – Salvador, BA – A densidade do Pequeno Formato, na Galeria Solar Ferrão.

2008 – Salvador, BA – XV Salão da Bahia, no MAM – BA, no qual em parceria com Ana Paula Pessoa, expôs o videoarte “Sem título” e recebeu o Prêmio Residência Nacional.

2009 – Salvador, BA – Entrelinhas, na Sala de Arte da Universidade Federal da Bahia.

2010 – São Paulo, SP – Festival do Minuto, no Museu de Arte de São Paulo – MASP.

2008 – Prêmio Residência Artística Nacional na FAAP/SP – XV Salão da Bahia, MAM – Museu de Arte Moderna da Bahia.

Autores(as) do verbete:

Deisiane Barbosa