(*Cachoeira, Ba., ca. 1792 – +Salvador, Ba. 06/09/1865)

(Arquivo da Cúria. Óbitos Santo Antonio Além do Carmo 1851 – 1866 [26 jun. 1851 – 19 jul. 1866]. 342 fls), f.320.)

(Fig. 312)

Ofícios: Entalhador (Mestre) (Perito) – (Fonte 4, p. 125)

Período de atividade documentada:

1818-1820, 1824-1825,1829, 1832, 1833, 1834, 1836-1837,1838, 1839-1841, 1843, 1845, 1846,1847-1848,1849, 1850, 1851

Assinatura grafada com Matos – (Termo de sessão da Mesa da Ordem Terceira de São Francisco)

Assinatura lavrada com Matos Roseira – (Termo de contrato com a Ordem 3ª de São Francisco, 6 de Outubro, 1850)

Dados biográficos:

Pardo. Faleceu de “molestia interna”, com 83 anos, viúvo de Margarida da França Burgos, morador ao rio das tripas, em caza do Proffessor Antonio Álvares dos Sanctos, “envolto em habito preto secular sepultado no Cemiterio da Quinta em carneiro da Conceição do Boqueirão”. (Arquivo da Cúria. Óbitos Santo Antonio Além do Carmo 1851 – 1866 [26 jun. 1851 – 19 jul. 1866]. 342 fls, f.320.)

Filho de pai desconhecido e Francisca Teresa de Jesus, Casou-se com Margarida Maria da Conceição, em 3 de Junho de 1824, tendo como testemunha o ourives João Francisco Cobra. “Como tantos baianos o fizeram J.F.M. juntou o apelido “Roseira” a seu nome, em consequência do surto nativista que se seguiu à guerra da Independência”. (ALVES, 1976, p. 110).

O acréscimo do nome (Roseira) de que fala Marieta Alves não se justifica apenas no surto nativista, mas no fato deste entalhador ter se envolvido mais intimamente com a guerra da Independência da Bahia conforme nos sugere o Almanaque de 1862, que traz à frente do nome do artista, uma cruz e as iniciais G. I, que querem dizer, segundo notas do próprio Almanaque, que o artista foi agraciado com a Medalha da Guerra da Independência (Bahia). (ALMANAK, 1862, p. 404).

O autor das “Noções…” refere-se ao seu estilo como “floreado, abundante, belo e pomposo”, embora confunda o nome dando-o como Joaquim Henriques de Matos. Teve como discípulos: Joaquim Ventura e Cipriano Francisco de Sousa (BN-RJ, Noções sobre a procedência…,s/d,, p. 15)

Declarou à Mesa da Irmandade do Santíssimo Sacramento da Rua do Passo em 1849 ser possuidor de vários bens. (AISSRP. Livro de Termos… da Irm. SS. Sac. Rua do Passo, 19.07.1846-23.08.1891, f. 13)

Nomeando-lhe de Joaquim Henriques de Mattos o autor das “Noções” apresenta-o como “reconstructor do retabulo da capella-mór da igreja notavel e afamada do Bomfim, da capela de S. Joaquim do Noviciado, da igreja matriz de Nª. Sª. do Pilar, e outras” (BN-RJ. Secção de Manuscritos. Noções sobre a procedência da arte de pintura na Província da Bahia. s/a, s/d, s/l. 16 f. , f. 15).

Endereço comercial: Em 1844, era o único entalhador citado no Almanach, estabelecido à Rua direita do Palácio (ALMANACH, 1844, p.237). Em 1854 e 1855 consta sua localização na Rua da Poeira (ALMANAK, 1854, p. 315 e 345)

Participação em concorrência:

Em 17 de Abril de 1853, participou de concorrência, apresentando proposta à Irmandade do Santíssimo Sacramento e Nossa Senhora da Vitória, para fazer a obra de talha da igreja. (CARVALHO, 1971, p. 9)

Obras atribuídas:

Nomeando-lhe de Joaquim Henriques de Mattos o autor das Noções (BN-RJ, Noções sobre a procedência…,s/d, f. 15) apresenta-o como “reconstructor do retabulo da capella-mór da igreja notaval e afamada do Bonfim, da capela de S.Joaquim do Noviciado, da igreja matriz de Nª.Sª. do Pilar, e outras”.

Obras documentadas:

1 – Irmandade de N. Sr. Bom Jesus do Bonfim

1818-1820: Construção de retábulo da igreja – 1:082$365 rs. (OTT, 1979b, p. 148)

1824-1825: 5 cruzes novos para os altares – 21$600 e 87$000 por¨ castiçaes que fes novos e concertos¨ e 87¨ castiçaes que fes os pés novos e concertos¨. (OTT, Carlos. Joaquim Francisco de Matos Rozeira. Ficha avulsa datilografada. Salvador: Centro de Estudos Baianos/UFBA. 30 fichas); fatura de 19 castiçais novos – 60$000 rs. (OTT, 1979b, p. 154)

1836 – 1837: Fatura de 6 quadros grandes para a sacristia – 400$000 rs. (OTT, 1979b, p. 158)

1839 – 1840: Fez 34 molduras em talha para os painéis dos corredores – 680$000 rs. (OTT, 1979b, p. 159)

2 – Irmandade do S. Sacramento da Matriz do Pilar

29/10/1829: Fatura do retábulo e forro do arco cruzeiro para dentro da Capela-mor – 4:500$000 rs. (AISSMP. Livro de Termos… da Irm. SS. Sac. da Matriz do Pilar, 03.10.1798-22.07.1906., f. 31)

06/10/1832: Fatura do arco cruzeiro, renovação dos quatro painéis dos lados do mesmo arco, factura de novas sobre portas, fatura de duas credencias para os lados do altar-mor e o novo forro da capela-mor - 3:000$000 rs, (AISSMP. Livro de Termos… da Irm. SS. Sac. da Matriz do Pilar, 03.10.1798-22.07.1906., f. 32v.)

18/10/1833: Fatura de quatro painéis para os lados do arco cruzeiro e mais quatro para dentro da capela-mor, uma cornija larga para acrescentar a do forro, outra para o lugar onde divide o azulejo do presbitério, ao altar da capela-mor, 4 tocheiros novos, e mais enfeites que se tornará com eles mais brilhante a obra acabada e mais duas figuras (a Fé e a Razão) para os lados das colunas – 1:000$000 rs. (AISSMP. Livro de Termos… da Irm. SS. Sac. da Matriz do Pilar, 03.10.1798-22.07.1906., f. 33v.)

02/09/1834: A Mesa da Irmandade foi orientada pelo entalhador e o pintor José Teófilo de Jesus, sobre a proporção da nova imagem do Senhor do Bom Caminho, visto a antiga na ter as devidas proporções para o novo altar-mor, que acabavam de dourar. (AISSMP. Livro de Termos… da Irm. SS. Sac. da Matriz do Pilar, 03.10.1798-22.07.1906., f. 35)

08/09/1838: Talha dos quatro altares da nave – 3200$000 rs., pagos semanalmente. (AINSPPC, Livro de termos da Irm. de N.Sra. do Rosário das Portas do Carmo 01.03.1863-03.11.1878, f. 38v.)

01/09/1839: Talha da nave: seis tribunas da Igreja, dois púlpitos e batistério, onze painéis, quatro portas e o coro com seus ornatos respectivos – 2000$000 rs. pagos semanalmente. (AISSMP. Livro de Termos… da Irm. SS. Sac. da Matriz do Pilar, 03.10.1798-22.07.1906., f. 39v.)

1839 – 1841: Pagamento do restante da obra de talha – 2000$000 rs. e 152$000 rs. de gratificação por acabar as obras dentro do prazo e 10$000 rs por 4 florões para as lâmpadas. (OTT, 1979, p. 135)

1839 – 1841: Fatura dos caixilhos das vidraças para as janelas do salão – 200$000 rs. (OTT, 1979a, p. 135)

3 – Ordem Terceira do Carmo

19/07/1830: Retabulo de madeira de cedro por cima do caixão da Sacristia da Veneravel Ordem 3. do Carmo – 50$000

12/06/1831: ¨resto de 150$000 por que fez o retabulo do Nixo da Sacristia¨ – 100$000

(OTT, Carlos. Joaquim Francisco de Matos Rozeira. Ficha avulsa datilografada. Salvador: Centro de Estudos Baianos/UFBA. 30 fichas)

4 – Ordem Terceira de N. Sra. da Conceição do Boqueirão

1836: Obra de talha das varandas da capela-mor – 480$000 rs. (OTT, 1979b, p. 246)

5 – Colégio de São Joaquim

3/08/1836: ¨dous caixilhos para os dous retratos de Pedro Rodrigues Bandeira, e José Antonio Rodrigues Viana¨ – 18$000 (OTT, Carlos. Joaquim Francisco de Matos Rozeira. Ficha avulsa datilografada. Salvador: Centro de Estudos Baianos/UFBA. 30 fichas)

6 – Irmandade do Santíssimo Sacramento da Freguesia da Rua do Passo

1847 – 1848: ” primeiro pagamento da obra de talha” – 1:666$000 rs. (OTT, Carlos. Joaquim Francisco de Matos Rozeira. Ficha avulsa datilografada. Salvador: Centro de Estudos Baianos/UFBA. 30 fichas)

30/01/1848: Retábulo da capela-mor, 2 varandas corridas no lugar das tribunas, remates das duas portas colaterais, remates e enfeites do forro, óculos – 5:000$000, pagos em três prestações iguais, sendo a primeira no começo da obra, a segunda no meio e a última no final. (AISSRP, Livro de Termos da Irm. SS. Sacr. Freg. da Rua do Passo 19.07.1846-23.08.1891,, f. 7-9.).

7 – Ordem Terceira de São Francisco

1843: Fatura de 40 jarrinhas para o trono, 2 para o presbitério e 2 credências.

11/06/1845: Obra de talha da Casa dos Santos: 23 nichos – 70$000rs. cada; remate das duas janelas do fundo e as duas da entrada e igualmente das portas de entrada e lateral para o corredor, tendo as duas janelas do fundo suas guarnições dos lados – 12$000rs. cada janela e porta; Prazo de nove meses.

06/10/1845: Recebeu o primeiro pagamento da obra da Casa dos Santos – 336$400 rs. (OTT, Carlos. Joaquim Francisco de Matos Rozeira. Ficha avulsa datilografada. Salvador: Centro de Estudos Baianos/UFBA. 30 fichas)

25/04/1846 : Fatura dos nichos da Casa dos Santos – 336$000 rs. (AOTSF.Recibo de Joaquim Francisco de Matos à Ordem Terceira de S. Francisco, 25.04.1846,, 17.07.1864-23.06.1878)

21/03/1846: Recibo de 336$400 rs. referente a talha da Casa dos Santos. (AOTSF. Recibo de Joaquim Francisco de Matos Roseira à Ordem Terceira de S. Francisco, 21.03.1846)

25/04/1846: Recibo de 336$000 rs. referente a talha da Casa dos Santos. (AOTSF. Recibo de Joaquim Francisco de Matos à Ordem Terceira de S. Francisco, 25.04.1846)

Abril, 1849: último pagamento das obras da Casa dos Santos – 336$800 rs.

14/06/1849: Fatura de dois nichos mais que se aprontaram para a Casa dos Santos – 140$000 rs. (OTT, Carlos. Joaquim Francisco de Matos Rozeira. Ficha avulsa datilografada. Salvador: Centro de Estudos Baianos/UFBA. 30 fichas)

06/10/1850: Fatura do forro da Casa dos Santos conforme a planta que apresentou – 300$000rs. Pazo de entrega: último dia do mês de Fevereiro de 1851 (AOTSF. Livro 3º de Termos…. da Ordem Terceira de S. Francisco, 04.10.1809-18.12.1877,, f. 233v.-234)

1851: Recebeu a gratificação da Ordem, no valor de 400$000 rs. (OTT, Carlos. Joaquim Francisco de Matos Rozeira. Ficha avulsa datilografada. Salvador: Centro de Estudos Baianos/UFBA. 30 fichas)

18/12/1850: Recibo de 100$000 referente a talha da Casa dos Santos. (AOTSF. Recibo de Joaquim Francisco de Matos Roseira à Ordem Terceira de S. Francisco, 18.12.1850,)

8 – Casa Pia e Colégio dos Órfãos de São Joaquim

31/08/1836: Fatura de dois caixilhos para os dois retratos de Pedro Rodrigues Bandeira e José Antonio Rodrigues Viana – 18$000 rs. (ACPOSJ, Receita e Despesa 1834-1839, fo. 17 r.)

9 – Irmandade do Sr. dos Passos da Igreja de N. Sra. da Ajuda

1/08/1841: novo trono da igreja da Ajuda

24/04/1842: Contratado para fazer o novo altar-mór pela quantia de 1.200$000rs.

30/09/1842: ¨segundo pagamento da obra do retabulo da Capela Mor” – 400$000rs

10/12/1842: Recebeu 374$000, ¨a saber 350$000, importancia do terceiro pagamento do retabulo e trono, e os restantes acrescimos dos remates das portas, e molduras que guarnesse os azulejos¨.

14/05/1843: ¨deu-se Portaria ao novo Thesoureiro José Joaquim do Sacramento para fazer as despesas de costume, assim como para mandar fazer dous altares collateraes que forão hoje contractados com o Mestre entalhador Joaquim Francisco de Matos Rozeira, ambos pela quantia de 600$000 reis¨. (OTT, Carlos. Joaquim Francisco de Matos Rozeira. Ficha avulsa datilografada. Salvador: Centro de Estudos Baianos/UFBA. 30 fichas)

24/10/1845: Fatura de 8 castiçais, uma cruz e 4 jarrinhas para o altar do Senhor da Salvação da Capela de N. Sra. da Ajuda – 37$000 rs. (ACPOSJ, Receita e Despesa 1834-1839, fo. 17 r.)

Autores(as) do verbete:

Luiz Alberto Ribeiro Freire

Data de inclusão:

20/08/2014