LOPES Erotides Américo de Araújo. (*Salvador, 17.12.1847 – + ? ) (Manuel Querino, 1911, p. 31-34) Ofício: Escultor – miniaturista Dados biográficos: Acerca desse artista escreveu Manuel Querino: “Organização artística bem pronunciada, manifestou, desde criança, o gosto pela arte em que um dia a posteridade havia de coroar-lhe os esforços. Motu-proprio, procurou mestre[...]
QUERINO, Manuel Raymundo. Artistas Bahianos; indicações biographificas. 2ª ed. Bahia: Officinas da Empreza "A Bahia", 1911.257 p. il.
PEREIRA Gonçalo de Athayde. Professor Manoel Querino sua vida e suas obras. Bahia. Bahia: Imprensa Oficial do Estado, 1932. citado por LEAL, Maria das Graças de Andrade. Manuel Querino entre letras e lutas Bahia 1851-1923. São Paulo:Annablume, 2009,p. 18, 484p.
Imagens de Tipos populares (vendedores de rua) de Erotides Américo de Araújo Lopes do acervo do Museu Histórico Nacional do Rio de Janeiro podem ser vistas no endereço: https://www.flickr.com/photos/jonasdecarvalho/7883287372/in/photostream/
LOPES Erotides Américo de Araújo. (*Salvador, 17.12.1847 – + ? ) (Manuel Querino, 1911, p. 31-34)
Escultor – miniaturista
Acerca desse artista escreveu Manuel Querino:
“Organização artística bem pronunciada, manifestou, desde criança, o gosto pela arte em que um dia a posteridade havia de coroar-lhe os esforços.
Motu-proprio, procurou mestre para inicial-o nos segredos da esculptura, da qual é festejado cultor.
Dirigiu-lhe os primeiros passos o artista Beirão, portuguez que, sendo tamanqueiro, á custa de muita perseverança, conseguiu com algum lustre fazer parte do grupo de esculptores de seu tempo, especialisando-se em imagens de Nossa Senhora da Piedade. Com Erotides e Beirão deu-se caso egual ao de Raphael com Perugino. Depois de certo tempo Beirão não tina mais o que ensinar a Erotides o mestre copiava o traço do discipulo, o que já era uma gloria para este. Estudou desenho com o professor José Rodrigues Nunes, na aula publica desta cidade, quando o ensino desta disciplina já estava em decadencia.
A não ser quem havia estudado com Velasco, ninguém mais conseguia aprender desenho; a maior dedicação não excedia ás raias de copista.
Até certo tempo, trabalhou Erotides em obras de madeira dedicando-se depois a trabalos de pedra jaspe e casca de cajazeira. É o unico, actualmente, especialista em miniaturas, no que é inexcedível. Suas obras estão espalhadas, em profusão, principalmente na Inglaterra, Portugal e França”. (Manuel Querino, 1911, p. 31-32).
Gonçalo de Athayde Pereira em Prof. Manoel Querino sua vida e suas obras nos informa que Manuel Querino colecionava esculturas em miniaturas
“Tinha em exposição lindos espécimes de obras de artes em miniaturas, adquiridos com muito trabalho, sacrifícios e muitas vezes com a intervenção de terceiros, verdadeiros primores artísticos, em madeira, cerâmica ou pedra, conseguindo um seleto museu de raridades, com a designação dos artistas seus autores museu que por vezes fora visitado por homens de valor e de gosto que não excusavam de vencer distâncias para ir ali apreciá-lo; e tudo isso que descrevo e que tantas vezes admirei, parece que se desfez com sua morte, bem como a sua limitada e bem escolhida biblioteca. (Gonçalo de Athayde Pereira, 1932, p. 29).
Na primeira edição do livro Artistas Bahianos, Manuel Querino publicou quatro imagens em preto e branco de esculturas em miniaturas de Erotides Américo de Araújo Lopes, uma intitulada “Typos de Rua (mercadores ambulantes) com miniaturas em casca de cajazeira em que se pode reconhecer uma das miniaturas que hoje compõem o acervo do Museu Histórico Nacional, trata-se de uma vendedora anciã com um prato na cabeça em que contém um chapéu. Em outra imagem apresenta-se a miniatura em pedra jaspe de “um touro sendo atacado por dois leões e uma leoa” obra referida por Querino no elenco de obras de Erotides Lopes e noutra imagem figuram cinco miniaturas em pedra jaspe, de animais e aves, e em outra “O veado sobre uma rocha”, que considerou obra prima de escultor Erotides. Senão todas, algumas dessas obras que ilustram essa edição deveriam ser de propriedade de Manuel Querino.
“Seus trabalhos mais conhecidos são: Typos de Rua – ganhadeiras com gamellas contendo fructos, peixes, etc.; domesticos com samburás de compras africanos carregando agua em barris ditos com cestos, garrafões e artefactos; animaes amarrados em cestos de conducção negociantes ambulantes e tudo mais que tem relação neste genero. Todos estes trabalos são feitos de casca de cajazeira.
Em pedra jaspe possue:
Um Christo uma Piedade, um S. Sebastião, no Estado de S. Paulo; a Supremacia – domadora de feras,, uma Grega domando tres leões, cópia de uma gazeta ingleza; Creoula em grande gala; a Vivenda do camponez, contendo casa, arvoredos, curral de bois, uma mulher com trouxa de roupa, duas cabras pascendo, um cavalleiro, gallinhas, pintos,, pombos e outros animaes em redor da casa; a Lucta de dous leões – em tres grupos: no primeiro, dous leões se acommettem de pé; no segundo, um dos leões mostra-se enfraquecido no terceiro um leão subjuga o outro uma Aguia tentando suspender um carneiro: (este trabalo pertence ao Dr. Pacífico Pereira) uma Aguia apanhando uma cobra, pertence ao Sr. Willcox e Trabalho interrompido – um tigre devorando uma cabra, o qual, de repente, olha para os lados como receando alguma cousa; uma collecção de gallinhas, gallos, pintos e outros objectos em roda a Lucta do touro com dous leões e uma leôa, obra de muito merito artistico; um veado sobre uma rocha – é a obra prima do artista, trabalho de uma difficuldade extrema, principalmente pela delicadeza das pernas e desenvolvimento das galhas do animal, e sobretudo pela execução em um só blóco de pedra.
Estes trabalhos recommendam-se pelo gosto, perfeição, delicadeza no talhar da pedra, posições elegantes dos animaes, fidelidade na interpretação do motivo, emfim são verdadeiras joias artisticas, de subido valor.
Admira-se ainda ao artista:
Um Presepe, tendo 16 palmos de comprido por (sic) de largo: no primeiro plano vêem-se a Lapinha e o Menino Deus, rodeado das personagens que o adoram; no fundo ultimo plano, está a cidade de Belém perfeitamente arranjada, com seus zimborios, torres, fortalezas, tudo de madeira; dirigem-se á cidade por montes e serras, os tres Reis Magos, seguidos dos seus servos todos montados em dromedarios diversos animaes da mesma especie conduzindo cargas arvores e arbustos de tamanhos diversos um rebanho, boiada, muitas criações; pastores com offerendas e as figuras no gosto antigo, descalças e vestidas de tunica; animaes bebendo agua, outros desviando-se do rebano. A adoração é de madeira pintada fingindo pedra.
Trata-se, enfim, de um conjuncto de trezentas e tantas figuras numa disposição feliz.
É um caso em que a intelligencia se irradia de contentamento, ante um trabalo que produz a melhor das impressões: a arte representando a natureza em suas manifestações mais sublimes”. (Manuel Querino 1911, p. 32-34)
QUERINO, Manuel Raymundo. Artistas Bahianos; indicações biographificas. 2ª ed. Bahia: Officinas da Empreza "A Bahia", 1911.257 p. il.
PEREIRA Gonçalo de Athayde. Professor Manoel Querino sua vida e suas obras. Bahia. Bahia: Imprensa Oficial do Estado, 1932. citado por LEAL, Maria das Graças de Andrade. Manuel Querino entre letras e lutas Bahia 1851-1923. São Paulo:Annablume, 2009,p. 18, 484p.
Imagens de Tipos populares (vendedores de rua) de Erotides Américo de Araújo Lopes do acervo do Museu Histórico Nacional do Rio de Janeiro podem ser vistas no endereço: https://www.flickr.com/photos/jonasdecarvalho/7883287372/in/photostream/
Autores(as) do verbete:
Data de inclusão:
01/08/2016
D536
Dicionário Manuel Querino de arte na Bahia / Org. Luiz Alberto Ribeiro Freire, Maria Hermínia Oliveira Hernandez. – Salvador: EBA-UFBA, CAHL-UFRB, 2014.
Acesso através de http: www.dicionario.belasartes.ufba.br
ISBN 978-85-8292-018-3
1. Artes – dicionário. 2. Manuel Querino. I. Freire, Luiz Alberto Ribeiro. II. Hernandez, Maria Hermínia Olivera. III. Universidade Federal da Bahia. III. Título
CDU 7.046.3(038)