Artista visual, fotógrafa e arte-educadora, Ana Paula Pessoa iniciou sua produção usufruindo da fotografia e o seu diálogo com o corpo enquanto agente ativo da criação artística. A partir de 2002 começou uma parceria com Rachel Mascarenhas, tornando frequente a abordagem do corpo no meio videográfico, através de performances e intervenções urbanas. Atualmente realiza o Mestrado em Processos Criativos nas Artes Visuais, pela Escola de Belas Artes da UFBA, onde desenvolve o projeto “Entre corpos: experimentos com corpo, fotografia e vídeo”.
Ana Paula Santos Pessoa (Salvador, BA, 19 de julho de 1977).
Autoria da foto: Ana Paula Pessoa
1999 – Campinas, SP – Estudou Documentário Cinematográfico na Unicamp.
2000 – Salvador, BA – Estudou técnicas de laboratório fotográfico em preto e branco na escola de fotografia Casa da Photographia.
2000 – Salvador, BA – Estudou fotografia no curso profissionalizante do SENAC.
2001 – Salvador, BA – Estudou Desenho de Observação no Museu de Arte Moderna da Bahia.
2002 – Salvador, BA – Estudou Teoria e História da Arte no Museu de Arte Moderna da Bahia.
2003 – Salvador, BA – Estudou Processos Contemporâneos no Museu de Arte Moderna da Bahia.
2003/2007 – Salvador, BA – Graduação em Licenciatura em Desenho e Plástica pela Escola de Belas Artes da Universidade Federal da Bahia, UFBA, Brasil. Atuou como bolsista da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado da Bahia no projeto “O inconsciente na arte latino-americana”.
2011 – Salvador, BA – Estudou Litogravura no Museu de Arte Moderna da Bahia.
2011 – Salvador, BA – Estudou Gravura em Metal no Museu de Arte Moderna da Bahia.
2012 – Salvador, BA – Participou da oficina de videomaping – FACMIL, no Museu de Arte Moderna da Bahia.
2013 – Salvador, BA – Mestrado em andamento em Processos Criativos nas Artes Visuais, pela Escola de Belas Artes da UFBA, com o projeto “Entre corpos: experimentos com corpo, fotografia e vídeo”, orientado pelo professor Dr. Eriel Araujo Santos. Bolsista FAPESB.
1999 à presente data.
Artista visual, fotógrafa, arte-educadora.
Arte-educadora, Ana Paula Pessoa trabalha em espaços formais e não-formais de educação em Salvador, Bahia desde 2002. Teve experiência com usuários de CAPS (Centro de Atendimento Psicossocial), APAE e APADA (Associação de Pais e Amigos dos Deficientes Auditivos da Bahia) com o projeto de fotografia para surdos “Libras em Foco”.
Nascida em Salvador, Bahia – cidade onde vive e trabalha – Ana Paula Pessoa iniciou por volta de 1999 experimentos em fotografia analógica P&B, tendo participado de cursos técnicos na área. A partir de então realiza pesquisas com fotografia e vídeo, agregando também abordagens das relações entre o corpo e o espaço. Em sua poética explora a fotografia direcionada à invenção de realidades em detrimento da representação do real. Trabalhou nessa linha já no início do seu percurso artístico, quando demonstrou interesse especial pelo corpo, ocasião na qual buscava inventá-lo, fugindo da ideia de um corpo normal, biológico ou funcional. Este interesse a aproximou da filosofia de Deleuze e Guattari, a qual apresenta conceitos úteis para a artista como: corpo sem órgãos, afeto, potência, dentre outros.
Entre 2000 e 2003 realiza cursos de curta extensão no Museu de Arte Moderna da Bahia, afinando assim a sua relação com as artes visuais. Numa dessas ocasiões, no ano de 2002, inicia uma parceria criativa com a artista Rachel Mascarenhas, a partir das aulas semanais de Teoria e História da Arte no MAM, sob a orientação do artista e arquiteto Almandrade. Partindo dos estudos realizados, as artistas processaram experimentos que, correspondendo a uma necessidade criativa de ambas, faziam alusões à História da Arte na forma de citações, referências, apropriações e releituras de obras já existentes.
No ano de 2003 ingressa na graduação em Licenciatura em Desenho e Plástica pela Escola de Belas Artes da Universidade Federal da Bahia – UFBA, onde desenvolveu pesquisas e atuou como bolsista da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado da Bahia no projeto “O inconsciente na arte latino-americana”. A partir de 2007, quando conclui a Licenciatura, participou de dois cursos na área de artes plásticas (Litogravura e Gravura em Metal) no MAM e também uma oficina de videomaping.
Na primeira década do ano 2000 Ana Paula Pessoa participa em diversas exposições coletivas e em Salões – como os Salões Regionais de Artes Visuais em 2008 e 2010 – expondo obras individuais e em parceria com Rachel Mascarenhas. Nesse período realiza performances, intervenções urbanas no centro histórico de Salvador, concentra-se em experimentações que hibridizam a performance à fotografia e ao vídeo, sempre calcados em conceitos que observam a filosofia, o cotidiano, confrontados às materialidades e imaterialidade do ser-indivíduo.
Em 2008, no XV Salão da Bahia, expõe o videoarte “Sem título” produzido em parceria com Rachel Mascarenhas e recebem o prêmio Residência Artística Nacional na FAAP/SP. Nesse trabalho o corpo mais uma vez é evocado como um agente ativo e criador na arte, provocador de reflexões acerca do tempo, o ser/estar rodeado pelo cotidiano que configura os processos criativos de um indivíduo-artista. O videoarte mostra um olhar que reflete os próprios percursos do corpo, as tramitações entre seu exterior e interior, o que pode simbolizar, respectivamente, o embate com o outro e o próprio eu, a consciência e o seu olhar acerca do mundo.
De um ponto de vista estético-contemporâneo, destacam-se na obra apropriações de imagens da história da arte – pinturas de Paul Cézanne, Gustav Klimt, Egon Schiele, Kasimir Malevich e da própria Rachel Mascarenhas. As obras inseridas no contexto do vídeo dialogam os temas ancorados pelas artistas, por sua vez, abordados nas poéticas dos artistas apropriados. As ressignificações de imagens – como práticas tão comuns à arte contemporânea – na presente obra asseguram, segundo as artistas baianas, a busca por referências para a concepção artística de uma obra. A prática evoca um diálogo tão comum no transcorrer da história da arte, quando os artistas sempre buscaram referências em seus mestres, torna-se agora também latente nos moldes contemporâneos de produção, quando se observa determinada saturação que inviabiliza o puro ineditismo em matéria da concepção e criação de um trabalho artístico, livre de qualquer influência.
Assim, a obra aborda o cotidiano e o transcorrer da vida/tempo usufruindo da abertura e hibridismo passíveis da videoarte, sua versatilidade enquanto linguagem múltipla, o acesso mais permissivo à sua manipulação, a destituição de padrões narrativos pré-definidos.
Na ocasião da residência, as artistas envolvem-se em novo processo criativo no qual Rachel Mascarenhas viaja a São Paulo e desenvolve concomitante a Ana Paula Pessoa – que permanece na Bahia – uma série de trabalhos em vídeos e fotografias, registrada em um blog. Passado o período de residências as artistas reúnem as obras na mostra “Trajetos…trajetórias” ocorrida no MAM em 2012, acompanhada com uma programação educativa consistida da oficina “Errâncias”, a qual propunha a criação de um videoarte.
O exercício criativo do corpo, tão presente na obra de Ana Paula Pessoa, manifesta-se também – e mais uma vez entremeado pelo vídeo – em “Transluminuras”, uma obra realizada também em parceria com Rachel Mascarenhas no ano de 2008. A videoperformance parte de um duplo processo criativo, unindo ideias das fotografias produzidas por Ana Paula Pessoa e as pinturas em caixas de Rachel Mascarenhas, nos quais se fazem presentes as releituras de Klimt e Schiele. A concepção de uma performance registrada em vídeo é finalmente alcançada quando as fotografias do corpo coberto por imagens projetadas derivam para a ação do mesmo, consciente de si, do seu estado perante um espelho – elemento extraído de “Transluminuras” de Rachel Mascarenhas em suas pinturas em caixas. Vislumbrar o próprio corpo metamorfoseado pelas projeções impulsionou, segundo Rachel Mascarenhas, a experiência de interagir o corpo sujeito (performático) com o corpo retrato projetado nas imagens.
Nesse trabalho há um tratamento metalinguístico do corpo à medida que este desempenha uma ação criativa e aborda sua própria essência e matéria como elementos temáticos. Fazem releituras das figuras corpóreas pintadas por Klimt e Schiele e nessa abordagem contrapõem o corpo naturalista ao figurativo-idealizado frequentemente representado ao longo da história da arte. O corpo “perfeito” e retratado – sobretudo o feminino – é confrontado com um corpo humanizado, permeado por imperfeições e também por atributos positivos e, acima de tudo, ativo, autor da criação artística, não mais passivo à retratação.
Em 2013 ingressa como bolsista FAPESB no mestrado em Processos Criativos nas Artes Visuais, pela Escola de Belas Artes da UFBA, cujo projeto se intitula “Entre corpos: experimentos com corpo, fotografia e vídeo”, orientado pelo professor Dr. Eriel Araujo Santos. Nesse mesmo ano participa da III Mostra de Performance: Imagem e Identidade, na Galeria Cañizares no Circuito das Artes, na Galeria do ICBA. Expõe trabalhos referentes ao seu processo criativo em desenvolvimento no mestrado, na mostra “Olhos d’água”, no Espaço Carmo 13, coordenado por Rachel Mascarenhas. As obras – híbridas e interdisciplinares, uma vez que traça um diálogo entre a literatura e o corpo – correspondem a videoinstalação, videoarte, livro de artista, fotografia, gravura e performance.
2012 – Salvador, BA – Trajetos…trajetórias, com a artista Rachel Mascarenhas, no MAM – BA (resultados do processo criativo fruto do Prêmio Residência Artística Nacional na FAAP-SP, conquistado no XV Salão da Bahia, MAM).
2013 – Salvador, BA – Olho d´água, no Espaço Carmo 13.
1999 – Salvador, BA – Jornada de Antropologia Visual – FCH, na Universidade Federal da Bahia.
1999 – Salvador, BA – Mostra coletiva de conclusão do curso de fotografia no SENAC, Pelourinho.
2000 – Salvador, BA – O ser tão dos meus olhos, no Teatro Vila Velha.
2002 – S. Félix, BA – VI Bienal do Recôncavo, no Centro Cultural Dannemann.
2002 – Salvador, BA – ODÔ YÁ! – Intervenção na Colônia de Pesca Z-1, Rio Vermelho.
2003 – Salvador, BA – Presente para Yemanjá, no Cine XIV.
2005 – Salvador, BA – VI Mercado Cultural, Galeria da Cidade, Fundação Gregório de Matos.
2005 – Salvador, BA – Empuxo, na Galeria ACBEU.
2005 – Salvador, BA – Intervenções urbanas, Festival da Livre Expressão Sexual, Largo 2 de Julho.
2005 – Salvador, BA – 456 Salvador, na Galeria da Cidade, Fundação Gregório de Matos.
2006 – Belém, PA – XII Salão Unama de Pequenos Formatos, UFPA.
2006 – Salvador, BA – A densidade do Pequeno Formato – Coletivo Pilar, na Galeria Solar Ferrão.
2007 – Salvador, BA – Coletiva “Notícias da Bahia”, na Galeria da Aliança Francesa.
2008 – Salvador, BA – XV Salão da Bahia – MAM – BA – prêmio residência nacional – FAAP.
2008 – Itabuna, BA – Salão Regional de Artes Visuais da Bahia, Centro de Cultura Adonias Filho.
2009 – Salvador, BA – Circuito das Artes – Galeria ACBEU.
2009 – Salvador, BA – Performance “Entre linhas” com a participação do artista Fábio Duarte – Coletiva do site Bentevi – EPPA.
2009 – Salvador, BA – Circuito das Artes, na Galeria ACBEU.
2010 – Salvador, BA – Performance “Riscos” – M.O.L.A no Pelourinho.
2010 – Jequié, BA – Salão Regional de Artes da Bahia, no Centro de Cultura Antônio Carlos Magalhães.
2010 – Feira de Santana, BA – Salão Regional de Artes Visuais da Bahia, no Centro de Cultura Amélio Amorim.
2010 – São Paulo, SP – Festival do Minuto, no MASP.
2010 – Cachoeira, BA – Salão de Artes Audiovisuais do Recôncavo.
2012 – Salvador, BA – Circuito das Artes, na Galeria ACBEU.
2012 – Juazeiro, BA – Salão de Artes Visuais da Bahia – Centro de Cultura João Gilberto.
2013 – Salvador, BA – III Mostra de Performance: Imagem e Identidade, na Galeria Cañizares.
2013 – Salvador, BA – Circuito das Artes, na Galeria do ICBA.
2013 – Salvador, BA - Insustentáveis Tensões, na Galeria Cañizares.
2008 – Prêmio Residência Artística Nacional na FAAP-SP – XV Salão da Bahia, MAM – Museu de Arte Moderna da Bahia.
Graduação em Licenciatura em Desenho e Plástica – EBA – UFBA.
Autores(as) do verbete:
D536
Dicionário Manuel Querino de arte na Bahia / Org. Luiz Alberto Ribeiro Freire, Maria Hermínia Oliveira Hernandez. – Salvador: EBA-UFBA, CAHL-UFRB, 2014.
Acesso através de http: www.dicionario.belasartes.ufba.br
ISBN 978-85-8292-018-3
1. Artes – dicionário. 2. Manuel Querino. I. Freire, Luiz Alberto Ribeiro. II. Hernandez, Maria Hermínia Olivera. III. Universidade Federal da Bahia. III. Título
CDU 7.046.3(038)