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Edinízio Ribeiro
Edinizio - Retrato

Artista plástico e designer, Edinízio Ribeiro se destacou em técnicas gráficas como o desenho, a gravura e a criação de cenários e figurinos para espetáculos teatrais e shows musicais nas décadas de 1960 e 1970. Um dos mestres da visualidade do movimento tropicalista, sua obra, movida pelo experimentalismo e inovação, se encontra dispersa e pouco conhecida devido a sua morte prematura aos 31 anos.

...pássaro cantando azul, sem data. Pintura sobre papel artesanal, 31 cm de diâmetro. Foto: Ayrson Heráclito
Estudo de azulejo, sem data. Desenho, 62 x 82 cm. Foto: Ayrson Heráclito
Mulher grávida, 1966. Óleo sobre madeira, 117 x 87 cm. Foto: Ayrson Heráclito
Frutos de mi terra, sem data. Hidrocor sobre papel, 38 x 26 cm. Foto: Ayrson Heráclito
Fruta pão, sem data. Hidrocor e grafite sobre papel, 41,5 x 27,5 cm. Foto: Ayrson Heráclito
Cacau, chocolate, sem data. Grafite e hidrocor sobre papel. 41 x 27,5 cm. Foto: Ayrson Heráclito
Macaxera/Mandioca/Aipim, sem data. Grafite e hidrocor sobre papel, 40 x 27 cm. Foto: Ayrson Heráclito
Jaca/cajá, sem data. Grafite e hidrocor sobre papel, 40 x 27 cm. Foto: Ayrson Heráclito
Mamão bicado, sem data. Grafite e hidrocor sobre papel, 40 x 27 cm
Capa do disco Expresso 2222, de Gilberto Gil, 1972. Foto: Ayrson Heráclito
Edinízio na FAAP, 1971. Fotografia, 30 x 26 cm. Foto: Brisa
Edinízio no atelier, 1971. Fotografia, 30 x 26 cm. Foto: Brisa
Catálogo da exposição de Flavio de Carvalho na FAAP, 1967
...pássaro cantando azul, sem data. Pintura sobre papel artesanal, 31 cm de diâmetro. Foto: Ayrson Heráclito
Estudo de azulejo, sem data. Desenho, 62 x 82 cm. Foto: Ayrson Heráclito
Mulher grávida, 1966. Óleo sobre madeira, 117 x 87 cm. Foto: Ayrson Heráclito
Frutos de mi terra, sem data. Hidrocor sobre papel, 38 x 26 cm. Foto: Ayrson Heráclito
Fruta pão, sem data. Hidrocor e grafite sobre papel, 41,5 x 27,5 cm. Foto: Ayrson Heráclito
Cacau, chocolate, sem data. Grafite e hidrocor sobre papel. 41 x 27,5 cm. Foto: Ayrson Heráclito
Macaxera/Mandioca/Aipim, sem data. Grafite e hidrocor sobre papel, 40 x 27 cm. Foto: Ayrson Heráclito
Jaca/cajá, sem data. Grafite e hidrocor sobre papel, 40 x 27 cm. Foto: Ayrson Heráclito
Mamão bicado, sem data. Grafite e hidrocor sobre papel, 40 x 27 cm
Capa do disco Expresso 2222, de Gilberto Gil, 1972. Foto: Ayrson Heráclito
Edinízio na FAAP, 1971. Fotografia, 30 x 26 cm. Foto: Brisa
Edinízio no atelier, 1971. Fotografia, 30 x 26 cm. Foto: Brisa
Catálogo da exposição de Flavio de Carvalho na FAAP, 1967
Referências
Bibliográficas:

RIBEIRO, Dermerval Rios. Edinízio Ribeiro: um artista insubmisso. Texto original escrito. Não publicado. Jequié, 2014.

MATOS, Narlan. Revista Movimento n. 1: um marco perdido da Tropicália e da pós-modernidade no Brasil. In: DUARTE, Rogério. Bom dia boa tarde boa noite. Marginália 1. Berlim, 2013.

SOUZA, Percival de. A prisão: história dos homens que vivem no maior presídio do mundo. São Paulo: Alfa Omega, 1976.

Edinízio Ribeiro Primo (Ibirataia, BA, 1945 – Búzios, RJ, 1976).

Retrato:
Edinizio - Retrato

Edinízio no atelier (detalhe), 1971. Foto: Brisa

Dados biográficos:

Artista plástico e designer, Edinízio Ribeiro se destacou em técnicas gráficas como o desenho, a gravura e a criação de cenários e figurinos para espetáculos teatrais e shows musicais nas décadas de 1960 e 1970. Um dos mestres da visualidade do movimento tropicalista, sua obra, movida pelo experimentalismo e inovação, se encontra dispersa e pouco conhecida devido a sua morte prematura aos 31 anos.

O início da sua produção coincide com a transferência de sua família para a cidade baiana de Jequié, onde tem contato direto com jovens artistas e agentes criativos do chamado “Grupo de Jequié”, como analisa o pesquisador Narlan Matos:

 

[...] os artistas plásticos Edinísio Ribeiro e Dicinho, os poetas Jorge e Waly Salomão, juntamente com o grupo musical Bossa Seis, e os talentos multifacetados de Lula Martins, César Zama e Maurício Bastos – todos de Jequié – foram responsáveis diretos pela construção da fase mais underground do tropicalismo, influenciando significativamente as mais variadas linguagens artísticas no cenário pós-moderno a partir da década de 70.

 

Um dos poucos textos produzidos sobre o artista foi escrito pelo pesquisador Dermival Ribeiro Rios, intitulada Edinízio Ribeiro: um artista insubmisso, uma amorosa biografia que reúne informações pessoais e de sua trajetória artística. A qualidade do texto e a forma poética em que foi produzido apresenta um importante documento para a pesquisa sobre sua obra:

 

Jequieense de opção e coração, apesar de nascido na zona rural da cidade de Ibirataia (BA), em terras de cacau do sul da Bahia, em 15 de maio de 1945. Criança ainda, Edinízio já se preocupava com a forma, e realizava trabalhos em argila. Na escola primária, o menino pintava em cadernos seus e dos colegas, em troca de namoricos ou merendas.

Tinha doze anos de idade quando a família se mudou para Jequié, nos idos de 1957, e foi morar no Jequiezinho, numa travessa da ladeira da Balança. Seu Nenzinho, o sizudo e correto Salmon Ribeiro, o pai, preocupado com a educação dos filhos em idade escolar, queria viver numa cidade maior, que oferecesse o curso ginasial e o colegial, ainda distantes da pequena Ibirataia daqueles tempos. Mas já no ano seguinte, em 1959, o pai morre no interior de Minas Gerais, quando visitava uma fazenda de gado, colhido por um trem, deixando Edinízio órfão, numa família de muitos irmãos e irmãs, maiores e menores que ele. [...]

 

Segundo as pesquisas de Dermival Ribeiro Rios, o artista se transfere para São Paulo com sua família em 1966, onde se aproxima da cena artística e intelectual da grande metrópole. É reconhecido como um jovem talento pelo crítico Mário Schemberg e pelo casal Pietro Maria Bardi e Lina Bo Bardi, que oferecem a chancela para sua introdução na cena artística da cidade. Por intermédio de Mário Schemberg, ingressa como bolsista na Fundação Armando Álvares Penteado – FAAP, onde se destaca obtendo prêmios e desenvolvendo trabalhos gráficos como, por exemplo, a criação do catálogo da importante exposição de Flávio de Carvalho, em 1967, no Museu de Arte Brasileira da FAAP. O autor salienta a importância desse momento na sua trajetória artística e nas suas definições políticas e existenciais:

 

[...] EDINÍZIO se torna por algum tempo funcionário público do Museu de Arte Brasileira para catálogos e exposições, e monta ateliê nas imediações da Av. da Consolação, mais propriamente próximo ao Cemitério da Consolação, local onde pratica uma gama variada de serviços: faz cartazes, cria roupas e sacolas… enfim, tudo o que viria compor o visual e a personalidade de artistas e conjuntos da época. Era a fase que se convencionou chamar hippie.

O Brasil vivia um momento fortemente rebelde, em que os artistas se alinhavam às forças democráticas para combater a ditadura militar instalada em 1964. Estudantes protestavam em todos os cantos, criadores em geral buscavam com garra encontrar os próprios e libertários caminhos. Tempos duros. Prisões arbitrárias se sucediam por quaisquer motivos e sem motivo algum, bastava que um policial cismasse do cabelo comprido de um, da aparência hippie de outro. [...]

 

A cena cultural e existencial que se constrói em torno da ateliê da rua da Consolação, no final dos anos 1960, define a sua participação ativa no movimento do tropicalismo. O atelier se torna o reduto dos artistas baianos em São Paulo, Caetano, Gil, Gal Costa, assim como os seus amigos do grupo de Jequié: Dicinho, Jorge e Waly Salomão, Tuna Espinheira, Alba e Chico Liberato, Lula Martins, Bené Sena, César Zama, entre outros. Arte, sexo, vida em comunidade, profundas experiências com alteradores de consciência definem uma geração ultra criativa e libertária. O mundo da música o fascina e oferece um universo para exercitar suas propostas estéticas. Os Mutantes, Secos e Molhados e os Novos Baianos estarão na lista de amigos e colaboradores. Foi cenógrafo de vários shows, como o primeiro de Gal Costa em São Paulo, Divino maravilhoso, em 1972, fez a revolucionária capa do LP Expresso 2222, de Gilberto Gil e as capas dos LPs Drama, de Maria Bethânia, e Índia, de Gal Costa.

Outra experiência fundante na sua trajetória foi a sua vivência com o Teatro Oficina, liderado por Zé Celso. Envolvido com a construção de cenários e figurinos, nesse processo chegou a ser preso por 45 dias no presídio Carandiru, com outros componentes do grupo.

Manteve uma parceria muito produtiva com os irmãos poetas e ensaístas Haroldo e Augusto de Campos, com os quais trabalhou no projeto Caixa preta, de música e arte, quando participa da publicação Qorpo extranho, inserindo um encarte central com o registro fotográfico da performance intitulada Modo de volar.

Dentro do universo das mostras artísticas, participou de exposições importantes, entre as quais o III Salão de Arte Contemporânea, em Campinas, SP, e a I Bienal Nacional de Artes Plásticas, em Salvador, com a obra Instrumentos de posse e, em 1971, realizou sua primeira exposição individual, no Museu de Arte Brasileira da FAAP.

Em 1967, de forma obscura, morre afogado nas águas de Búzios, no Rio de Janeiro, aos 31 anos, sendo que seu corpo nunca foi encontrado.

Alguns pesquisadores brasileiros da área de arte já começam a se interessar pela investigação de uma produção artística que passou por um longo período na invisibilidade por diversos motivos, dentre os quais a falta de legitimação no sistema comercial, a inexistência de trabalhos críticos e historiográficos, o desconhecimento e quase apagamento do pensamento e da produção artística que fora taxada de subversiva pelo regime da ditadura militar, condenando ao esquecimento essa produção por não ser conveniente aos sistemas artísticos implantados e   controlados por uma elite política.

A iniciativa da 3 Bienal da Bahia, em 2014, pretende apresentar a obra do artista em uma mostra “Monográfica”, a fim de contribuir para a redução desse hiato, apresentando uma quantidade significativa de obras recolhidas em diversos lugares no Brasil. O artista define o espirito nocivo e repressivo da época em que viveu na seguinte reflexão: Pior do que a mutilação dos pés e das mãos é a mutilação que se tem aí fora – a mutilação de ideias. Aqui se vê claramente que não existe mais arte de protesto. Hoje, as repressões são demonstradas e sentidas sobre o corpo. Quem livrou o corpo está fora de tudo.”

Em outra declaração, desta vez dada a Percival de Souza, enquanto estava na condição de preso político no Pavilhão 2 do Carandirú, o artista define a sua obra de forma ampliada e sem limites estéticos, transcendente, revelando a profundidade de suas questões filosóficas e existenciais:

 

Fui do primitivismo autodidata, anterior aos 13 anos, para o expressionismo político de Portinari, até uma integração com as artes em geral. E estou caminhando para as influências do Extremo Oriente (Osawa e a macrobiótica). Uma fase a ser chamada de científica, que é o conhecimento das forças-cores Yin e Yang, que regem a natureza: amarelo, luz solar; magenta, ultravioleta; e azul, espaço e água. (EDINÍZIO apud SOUZA, 1976).

Referências
Bibliográficas:

RIBEIRO, Dermerval Rios. Edinízio Ribeiro: um artista insubmisso. Texto original escrito. Não publicado. Jequié, 2014.

MATOS, Narlan. Revista Movimento n. 1: um marco perdido da Tropicália e da pós-modernidade no Brasil. In: DUARTE, Rogério. Bom dia boa tarde boa noite. Marginália 1. Berlim, 2013.

SOUZA, Percival de. A prisão: história dos homens que vivem no maior presídio do mundo. São Paulo: Alfa Omega, 1976.
Autoria

Autores(as) do verbete:

Ayrson Heráclito

Data de inclusão:

24/04/2014

D536

Dicionário Manuel Querino de arte na Bahia / Org. Luiz Alberto Ribeiro Freire, Maria Hermínia Oliveira Hernandez. – Salvador: EBA-UFBA, CAHL-UFRB, 2014.

Acesso através de http: www.dicionario.belasartes.ufba.br
ISBN 978-85-8292-018-3

1. Artes – dicionário. 2. Manuel Querino. I. Freire, Luiz Alberto Ribeiro. II. Hernandez, Maria Hermínia Olivera. III. Universidade Federal da Bahia. III. Título

CDU 7.046.3(038)

 

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5 Responses to “Edinízio Ribeiro”

  1. Guilherme Magalhães

    conheci o Edinísio, fizemos alguns projetos juntos.. tenho muito interesse em saber mais sobre ele, e seu acervo.
    agradeço qualquer informação.
    G

    Responder
      • Glaucio Souza

        Débora,

        Estou realizando uma pesquisa sobre ele. Adoraria conversar com você sobre a obra dele.

        Responder
        • Natália Roque

          Tenho uma serigrafia grande (aproximadamente. 70×50), 42/300, a figura é uma sereia deitada, azuis e castanho.
          Gostaria de saber se ainda existem as restantes da série ou se existe alguém interessado nesta.
          Obrigada.

          Responder
  2. Natália Roque

    Tenho uma tela original assinada duma série do artista (42/300), figura de sereia deitada, em azul e castanhos.
    Gostaria de conseguir outros trabalhos da série ou vendê-la.

    Responder

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